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domingo, 25 de abril de 2010

A Mulher do Dia, George Stevens (1942)

A Mulher do Ano (do título original) é Katharine Hepburn, correspondente internacional de política de um jornal de Chicago. Já Spencer Tracy é o editor de esportes do mesmo jornal. Os dois iniciam uma polêmica cada um em sua coluna diária sobre se o Baseball é algo relevante em relação ao conflito mundial no qual os EUA acabaram de entrar.
"É por isso que lutamos!", protesta Tracy defendendo o esporte. A Mulher do Ano versus o Homem do Cotidiano.
Além da polêmica entre dia a dia e questões seculares, Kate é uma mulher emancipada enquanto Tracy, apesar de não ser nenhum machista, é quadradão.
Depois da polêmica nas letras os dois acabam se casando e... mulher emancipada mais casamento mais anos 40 mais Hollywood só pode dar errado. E dá. Eles não se entendem, não conseguem criar o filho adotado (molequinho refugiado da Grécia ocupada por Hitler), Tracy não aguenta tanta extravagância e dá no pé.
O filme é isso e só. Apesar dos dois atores conseguirem tirar leite de pedra esse leite azedou com o tempo. O roteiro, comprado por Kate depois de sua volta por cima (uma série de fracassos interrompida pelo sucesso e indicação ao Oscar de atriz por Núpcias de Escândalo) devia ser moderno pra ela ter se interessado por ele mas hoje envelheceu. É um retrato desse tipo de mulher e época, no entanto, que como ela foi na frente quebrando os preconceitos culturais e sociais que às vezes o presonagem de Tracy representa.
E pode ser que tenham curtido as piadas fofinhas (roteiro de Michael Kanin e Ring Lardner Jr., o filho do escritor e que iria melhorar a verve e a acidez a ponto de escrever M.A.S.H. muito bem em 69) e não se incomodado com o ritmo lentíssimo de George Stevens (a cada piada sua, Lubitsch teria feito doze).
No final, uma cena deprimente de Kate tentando ser a mulher prendada pra conquistar de volta Tracy preparando uns waffles. Mas parece que os eletrodomésticos foram comprados na loja da cunhada do Monsieur Hulot e tudo dá errado, dos waffles à cena que coroa esse filminho abaixo da média das outras 8 parcerias Hepburn-Tracy que pelo menos serviu apresentá-los e começar o romance fora das telas.
O roteiro previa outro final que chegou até a ser filmado. Kate se interessaria muito mais que Tracy pelo Baseball se tornando uma especialista. O personagem do homem, já apequenado perto daquele mulherão, seria derrotado em sua própria base. Aí já seria demais. O careta de fato Stevens e o nada careta mas pragmático Joseph Mankiewicz, produtor do filme, optaram pelo o final que colocava a mulher em seu devido lugar (pra cabeça convencional da época). O filme deu um passo atrás mas ganhou o Oscar de 42 pelo roteiro.

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